segunda-feira, 25 de março de 2013

Madame Bovary - Flaubert

Fonte: http://contosencantar.blogspot.com.br
Léon reaparecia-lha mais alto, mais belo, mais suave, mais impreciso. Mas, à lembrança da baixela de prata e das facas de madrepérola, ela não estremecia tanto quanto ao lembrar-se do seu riso ou da sua dentadura alva. Vinham-lhe à memória palavras mais melodiosas e penetrantes do que o som de uma flauta, do que a harmonia dos bronzes; olhares incendiados, que ela havia surpreendido, com girôndolas de cristal. E o perfume de sua cabeleira, a suavidade de seu hálito faziam-na inalar o ar com mais intensidade que a tepidez das estufas cálidas, que o perfume das magnólias. Embora longe, êle não a deixara, estava ali; e as paredes da casa pareciam conservar sua sombra. Ela não podia arrancar os olhos do tapete em que êle pisara, das cadeiras vazias em que se sentara. O riacho continuava correndo, impelindo lentamente suas pequenas ondas na margem escorregadia. Êles muitas vêzes haviam passado por ali ao som daquele murmúrio das ondas nos seixos cobertos de musgo. Que bons dias tinham vivido, que tardes suaves, sozinhos, à sombra, no fundo do jardim! (...) (p. 148)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário e sua critica é muito importante para mim, pois somente dessa forma conhecerei melhor os visitantes do meu blog e poderei me aperfeiçoar naquilo que ainda não está bom. Obrigada!!!