terça-feira, 26 de março de 2013

Madame Bovary - Flaubert

Fonte: http://www.spectrumgothic.com.br
“ Contudo não era feliz, nunca o havia sido. De onde vinha, pois, aquela insuficiência da vida, aquele apodrecimento instantâneo das coisas em que se apoiava? Mas se existia, fosse onde fosse, um belo e forte, uma natureza valorosa, cheia ao mesmo tempo de exaltação e de requintes, um coração de poeta com forma de anjo, lira com cordas de bronze, desferindo para o céu epitalâmios elegíacos por que acaso não o encontraria ela? Que impossibilidade! Nada, afinal, valia a pena procurar-se; tudo mentia! Cada sorriso ocultava um bocejo de enfado, cada alegria uma maldição, todo prazer o seu desgosto, e os melhores de todos os beijos não deixavam nos lábios senão uma irrealizável ânsia de voluptuosidade mais intensas.” (p. 336)

Uma homenagem para nós... mulheres...

Fonte: http://atualidadesp.blogspot.com.br
Pela diversidade de seu caráter, alternativamente mística ou alegre, faladora, taciturna, arrebatada, indolente, desperta mil desejos, evocando instintos ou reminiscências. A apaixonada de todos os romances, a heroína de todos os dramas, a vaga "ela" de todos os volumes e versos. Acha nos ombros a cor de âmbar da "odalisca no banho"; tem o colete pontiagudo das castelãs feudais; assemelha-se também à "mulher pálida de Barcelona", mas é principalmente anjo! (Madame Bovary - Flaubert - p. 314)

segunda-feira, 25 de março de 2013

Madame Bovary - Flaubert

Fonte: http://contosencantar.blogspot.com.br
Léon reaparecia-lha mais alto, mais belo, mais suave, mais impreciso. Mas, à lembrança da baixela de prata e das facas de madrepérola, ela não estremecia tanto quanto ao lembrar-se do seu riso ou da sua dentadura alva. Vinham-lhe à memória palavras mais melodiosas e penetrantes do que o som de uma flauta, do que a harmonia dos bronzes; olhares incendiados, que ela havia surpreendido, com girôndolas de cristal. E o perfume de sua cabeleira, a suavidade de seu hálito faziam-na inalar o ar com mais intensidade que a tepidez das estufas cálidas, que o perfume das magnólias. Embora longe, êle não a deixara, estava ali; e as paredes da casa pareciam conservar sua sombra. Ela não podia arrancar os olhos do tapete em que êle pisara, das cadeiras vazias em que se sentara. O riacho continuava correndo, impelindo lentamente suas pequenas ondas na margem escorregadia. Êles muitas vêzes haviam passado por ali ao som daquele murmúrio das ondas nos seixos cobertos de musgo. Que bons dias tinham vivido, que tardes suaves, sozinhos, à sombra, no fundo do jardim! (...) (p. 148)

quarta-feira, 13 de março de 2013


"Sou um pouco de todos que conheci, um pouco dos lugares que fui,  um pouco das saudades que deixei  e sou muito das coisas que gostei."
Antoine de Saint-Exupéry

Fonte: http://estorias-trenga.blogspot.com.br